Conhecida como “Viúva Negra”, a agente secreta Russa se torna super heroína através de um caminho de autoexploração, aceitação, coragem e reconstrução. Olhando superficialmente, a história de Natasha Romanoff é uma história de redenção, mostrando como ela finalmente limpou a sombra de seu passado e se redimiu de suas culpas, porém a verdade é´bem mais profunda: é uma história sobre autoestima e autoaceitação, sobre dissociação e reconstrução.
Ao aceitar se tornar um membro da Shield, Natasha encontra um jeito de se redimir e se aceitar, assiminicia sua jornada de transformação, de uma agente secreta em lugar no mundo para alguém disposta a sacrificar tudo para salvá-lo. Enquanto Natasha se esforça para ser uma heroína para os outros, ela aprende o verdadeiro senso de heroísmo, um resgate profundamente pessoal e relacional, que só acontece quando enfrentamos as partes mais sombrias de nós mesmas. É extremamente doloroso e penoso, sentar-se com nossas falhas e as dos outros sem uma visão angelical ou bondosa, mas com o compromisso diário de enfrentar nossos demônios.
Natasha foi treinada como uma espiã soviética em um lugar chamado “Sala Vermelha”, onde as mulheres são disciplinadas e endurecidas nas artes de manipulação, vigilância e assassinato. O treinamento de Natasha teve um preço, ela não apenas se deparou com pouca ou nenhuma escolha em torno de seu futuro, como também foi vítima de esterilização forçada como forma de acabar com qualquer chance de construir uma conexão humana profunda, um processo de desumanização consistente de si mesma e dos outros. A desumanização é fundamental neste mundo em que Natasha vive, facilita o acesso ao trabalho isolado e sem coração, característico de um assassino.
Como seres humanos, nós somos programados para reagir, nos envolver, colaborar, estar conectados em todos os sentidos. As conexões de Natasha foram destruídas estratégica e metodicamente através da disciplina, treinamento e força. Essa desconexão não apenas criou uma barreira entre ela e o mundo, mas criou uma divisão de si mesma. Os traumas e violência sofridos criam divisão e, portanto, nos fragmenta interna e interpessoalmente.
Quando alguém experimenta a crueldade, uma parte de si mesma é rompida, seja por meio de uma dissociação real ou por meio de uma desconexão entre a parte que foi ferida e o resto que precisa sobreviver. Para sobreviver Natasha teve que se dividir. Ela não podia permitir que sua vulnerabilidade coexistisse ao lado do mundo cruel em que vivia. Ela não podia ter empatia quando vivia em um mundo tão pouco confiável e indigno de confiança. Então ela dividiu, compartimentou e construiu cuidadosamente sua realidade, uma realidade dependente de uma desconexão fria dos outros. Essa realidade permitiu que ela fosse todas as coisas para todas as pessoas, um fragmento variável de quem ela estava dependendo de que parte dela era necessária no momento.
Os vislumbres do passado de Natasha carregam um tom assustador e sinistro de culpa, solidão e vergonha. Não houve aceitação, houve apenas a separação metódica de seus sentimentos; não houve humanidade, ela foi desumanizada de v[arias formas; não teve dignidade, não apenas por causa de suas ações em relação aos outros, mas em relação a si mesma.
Ela tem algo que muitos de nós talvez até desejássemos por alguns dias: a capacidade de simplesmente nos separarmos dos outros, longe da dor do desgosto, da perda e da crueldade. Ela tem a capacidade de criar a desconexão que a protege da dor da conexão. Mas, mesmo assim ela ainda fez suas escolhas. Ela escolheu desistir da segurança da desconexão e comprometer-se com um mundo onde não caberia suas barreiras. Ela escolheu a possibilidade de um mundo que vale a pena salvar e, assim, escolheu se salvar.